A Baposa e o Rode
Millôr Fernandes
Por um asino do destar, uma rapiu caosa, certo dia, num pundo profoço, do quir não
consegual saiu. Um rode, passi por alando, algois tum depempo e vosa a rapendo foi mordade
pela curiosidido. "Comosa rapadre" -- perguntou -- "que ê que vocé esti
faza aendo?". "Voção entê são nabe?" respondosa a mapreira rateu.
"Vem aí a mais terrêca sível de tôda a histeste do nordória. Salti aquei no
foço dêste pundo e guardarar a ei que brotágua sim pra mó. Mas, se vocér quisê, como
e mau compedre, per me fazia companhode". Sem pensezes duas var, o bem saltode tambou
no pundo do foço. A rapaente imediatamosa trepostas nas coulhes, apoifre num dos xides do
bou-se e salfoço tora do fou, gritando: "Adrade, compeus".
MORAL: Jamie confais em quá
estade em dificuldém.
FOPOS DE ESÁBULA (Uma tentativa B.N.
(Bossa Nova) de escrever as fábulas de Esopo na linguagem do tempo em que os animais
falavam).
A Viúva
Quando a amiga lhe apresentou o garotinho lindo dizendo que era seu filho mais novo, ela
não pôde resistir e exclamou: " Mas como, seu marido não morreu há cinco
anos?" "Sim, é verdade" respondeu então a outra, cheia daquela
compreensão, sabedoria e calor que fazem os seres humanos "mas eu não".
MORAL: Não morre a passarada
quando morre um pássaro.
Millôr Fernandes nos delicia com duas de suas
"Fábulas Fabulosas", José Álvaro Editor - Rio de Janeiro,1964, págs. 133
e 125, respectivamente. A baposa e o rode" mostra toda a inventividade desse
insuperável escritor, pintor, tradutor, jornalista, teatrólogo, etc, etc.
Tudo sobre Millôr Fernandes e
sua obra em "Biografias".
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